domingo, 20 de janeiro de 2019

Conhecendo a família do namorado - Parte 1

Acabei esquecendo de atualizar o blog durante alguns dias por falta de tempo, mas tentarei não perder o fôlego novamente.

Dessa vez farei uma postagem mais pessoal, sobre a minha experiência conhecendo meus sogros e as minhas cunhadas. Questões de expectativas e choque de cultura sobre relacionamento com coreanos podem surgir no decorrer da escrita do texto, mas tentarei fazer com que não fique muito longo.

Antes da leitura recomendo que considerem dois pontos importantes:
1. Eu não sou coreana, sou apenas uma brasileira na Coreia, então todas as observações que faço são a partir da minha experiência como estrangeira na Coreia.
2. Generalizações são uma armadilha, mas estou tentando passar o meu relato considerando o que acontece normalmente a partir do que coreanos e outras estrangeiras me relataram.





Resumindo meu namoro antes de conhecer a família do meu agora noivo, eu conheci Hoyun pela internet em 2016, depois de meses conversando por KakaoTalk ele me pediu em namoro, mais alguns meses depois eu viajei para a Alemanha (2017) para um intercâmbio e nas férias eu viajei para a Coreia para conhecê-lo pessoalmente, mas na oportunidade eu não conheci ninguém da família dele, eu sequer vim para Jeonju. Alguns meses depois, ele viajou ao Brasil e passou mais de um mês lá, onde conheceu a minha família. Em agosto de 2018 eu vim para Jeonju, antes da mudança de vez em novembro, e conheci a primeira integrante da família dele. Apenas após me mudar de vez para a Coreia eu conheci os pais dele, a segunda irmã e os sobrinhos.

Mas vamos com calma. Antes de falar do encontro em si, primeiro umas questões a se levar em consideração.

Nas nossas conversas sobre diferenças culturais Brasil X Coreia, notamos de cara essa diferença quanto ao relacionamento. No Brasil é muito comum logo depois de o namoro ficar oficial, os namorados fazerem coisas com as famílias dos parceiros, por exemplo, datas festivas e viagens. Na Coreia não é bem assim. Ultimamente algumas famílias estão mais modernas e aceitando participação dos namorados/as dos filhos, mas para boa parte das famílias, especialmente as mais tradicionais, se não for um namoro sério, é "perda de tempo" conhecer o/a namorado/a dos filhos.


Então mesmo que o/a parceiro/a seja coreano/a, a própria família pode dizer que não quer conhecer. Então se você namora, ou deseja namorar, um/a coreano/a é bom ter em mente que a dinâmica de relacionamento familiar entre eles é bem diferente (se bem que mesmo dentro do Brasil temos várias realidades diferentes, enfim).

Se colocarmos em questão a ideia de namoro com estrangeira/o, então o quadro pode ficar ainda mais complexo. No Brasil, de forma geral novamente, as pessoas gostam de namorar estrangeiros e as famílias não costumam ver problema nisso. Mas na Coreia não é bem assim. Claro que vai depender da família, mas é muito comum ainda, especialmente se for um coreano namorando uma estrangeira, a família não aprovar e forçar o fim do relacionamento.

Acho que também preciso dizer que sim, infelizmente, muito infelizmente, muitos coreanos, especialmente os mais velhos e ignorantes, são racistas, e dificilmente aceitariam uma estrangeira negra ou de pele escura (como indianas, pessoas do oriente médio ou do sudeste asiático).  

Por que a família forçaria o filho a terminar o namoro? Porque o filho homem carrega o sobrenome da família, então se uma família tiver 5 filhas e 1 filho, apenas o filho passará o sobrenome para os filhos, e infelizmente muitos coreanos ainda têm muito preconceitos com mestiços, não querem que seus netos sejam mestiços, desejam coreanos "puros". Embora seja antiquado, e a Coreia seja um lugar tecnologicamente evoluído, certas "tradições" e preconceitos ainda são muito firmes.

Cansei de ver relatos de estrangeiras comentando que namoravam coreanos e eles terminaram o namoro por causa da família, que não aceitava, e eles não querem enfrentar a família. Ou de estrangeiras que se casaram com coreanos e as famílias ainda não as aceitam.


Além disso, casamento é visto por muitos mais como um negócio do que como um relacionamento cheio de sentimentos. Quero dizer, não é incomum as pessoas procurarem alguém que julgam do seu nível, e terminar um relacionamento se a pessoa A se formou numa universidade boa e a pessoa B não. Ou na hora de procurar uma agência de casamento (sim, elas existem) ter muitos pré-requisitos.

Antes de conhecer a família de Hoyun essas coisas me passaram pela cabeça, mas ele sempre deixou claro que não achava que a família se importaria se ele levasse uma estrangeira para casa, e mesmo se eles se importassem, ele não ia desistir do relacionamento por esse motivo. 

Isso não me deixou nervosa, na verdade, mas não conseguia parar de imaginar aquelas cenas de drama onde a mãe dos caras jogam um copo de água na cara da mocinha, ou oferecem dinheiro, para elas terminarem o namoro com os filhos delas. Inclusive isso se tornou motivo de risos quando eu conheci meus sogros.

Acho que o post ficou muito longo, então vou cortar por aqui e amanhã publico a segunda parte.

As fotos aleatórias foram tiradas do meu arquivo pessoal.

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